Na última noite de 19 de novembro, um fato histórico tomou as manchetes do mundo: o então candidato Javier Milei sagrou-se vencedor da eleição presidencial na Argentina, derrotando o candidato de esquerda e ministro da economia, Sérgio Massa. É a primeira vez que um candidato que se denomina liberal e libertário vence uma eleição de establishment.
Diferente do primeiro turno, onde o candidato peronista Sérgio Massa despontava na frente com 36,68% dos votos, o candidato libertário, no turno decisivo, saiu vencedor com 55,76% dos votos válidos. De direita, Javier Milei defende um estado mínimo, com base nos princípios liberais de livre mercado e propriedade privada, além de ser ferrenho opositor do governo de Alberto Fernandez, responsável direto pela hiperinflação de 142,7% em 12 meses na Argentina.
O desafio para o presidente eleito não será fácil, evidentemente. No entanto, é necessário analisar o fenômeno Javier Milei de um ponto de vista humano, para além do pragmatismo dos números: sua vitória representa uma mudança de paradigma na política argentina e em sua população, capitaneada em grande parte pela juventude.
Ao longo de sua campanha, o candidato libertário conseguiu comunicar diretamente com a chamada “geração Z”; isto é, com os jovens de 18 a 24 anos, que representam cerca de 25% de todo o eleitorado argentino. Segundo pesquisas da consultoria Equis, o voto dessa faixa etária é “monopolizado” por Milei, com cerca de 40% dos votos distribuídos entre homens e mulheres.
Presidente e fundador da “Juventude Libertária“, Juan Bounet, de 22 anos, participou ativamente da campanha de Javier Milei para deputado nacional e integra seu partido atualmente. Para Juan, “Uma pessoa só aprecia a liberdade quando deixa de tê-la.” Juan também atribui o crescimento de Milei ao seu posicionamento crítico em relação às medidas sanitárias que restringiram o direito individual de livre circulação durante a pandemia.
O exemplo de Juan deixa clara a preocupação da juventude, que nunca viu o país “deslanchar” como fora por exemplo em 1912, período em que a Argentina figurava entre as 10 maiores economias do mundo. Em meio às promessas de um peronismo e Kirchnerismo ultrapassado, Milei surge como uma esperança, nas palavras do jovem Tomaz Bazan, “porque os dois últimos governos destruíram completamente a Argentina, levando muitos jovens a saírem do país em busca de oportunidades.”
Sendo assim, para além do pragmatismo, Javier Milei demonstra exatamente o movimento que precisamos cultivar no Brasil: uma juventude engajada e preocupada com o futuro de seu país, abraçada em valores de patriotismo e que não mais se curvará ao projeto autoritário e populista de outrora.
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