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O que The Boys Pode nos Ensinar Sobre Liberdade?

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A quarta temporada da série The Boys, recentemente lançada no Amazon Prime, tem capturado a atenção de uma vasta audiência, além de fomentar discussões significativas. Embora ambientada em um universo fictício, a série apresenta diálogos que espelham a realidade de maneira intrigante.

Neste universo, super-heróis existem e constituem uma minoria da população, mas acumulam um poder considerável. Super força, velocidade, raios laser, invisibilidade e uma série de outras habilidades sobrenaturais fazem parte do cotidiano dos “supers”. No entanto, o verdadeiro poder reside na impunidade de muitos destes heróis, que frequentemente escapam das consequências de seus atos criminosos devido à sua fama. Este dilema é exemplificado de maneira acentuada pelo principal antagonista da série: Capitão Pátria.

Capitão Pátria, dotado de uma combinação quase invencível de habilidades, é retratado como um super herói no universo da série, mas é na verdade um grande vilão na narrativa. A trama se desenrola mostrando o antagonista cometendo atrocidades, como assassinato e abuso, sem sofrer qualquer repercussão. A indústria que patrocina o herói frequentemente acoberta seus crimes, e o sistema legal se mostra ineficaz em punir o Capitão. E, ainda que o vilão fosse condenado, não existiriam meios de aplicar a punição devido ao seu imenso poder.

A evolução do Capitão Pátria ao longo da série reflete um problema profundo na vida real: o acúmulo de poder. Ainda que não envolva habilidades sobrenaturais, a temática se mostra presente e é uma questão que afeta gravemente a sociedade. No Brasil, por exemplo, é possível observar figuras públicas, políticos e juízes que se colocam em uma posição de intocáveis, estabelecendo um paralelo evidente entre o cenário fictício e a realidade.

O recente panorama envolvendo o Supremo Tribunal Federal no Brasil destaca uma similaridade perturbadora com a série. Embora não possuam superpoderes, alguns membros do STF acumulam uma quantidade substancial de poder legal; tornando-se uma ameaça comparável ao Capitão Pátria, deixando a população brasileira vulnerável às suas vontades.

Nessa perspectiva, a  reflexão proporcionada por The Boys pode servir como um lembrete constante da necessidade de implementar medidas que funcionem como pesos e contrapesos no âmbito do poder, algo que pode ser correlacionado com a ilustre frase de Lord Acton: “O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente, de modo que os grandes homens são quase sempre homens maus”. Isso deixa claro que a diferença entre The Boys e o cenário brasileiro é meramente a ficcionalidade cinematográfica do primeiro. A existência de indivíduos ou instituições infladas com o acúmulo de poder levarão inevitavelmente ao caos e ao desequilíbrio, prejudicando gravemente as bases de qualquer sociedade e demonstrando a urgência da necessidade do estabelecimento de limites para o exercício do poder. 

Com isso, concluo com um questionamento: seremos capazes de aprender com as indagações levantadas pela série ou precisaremos aguardar que um cenário igualmente problemático se estabeleça para absorvermos a lição?

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Eduardo Rocha

Eduardo Rocha é coordenador das diretorias de Eventos, Comunicação e Projetos. Natural de Bagé-RS, destacou-se profissionalmente como DJ em festas e eventos no interior do estado. Mudou-se para a capital com o objetivo de cursar Psicologia e aprofundar seus conhecimentos em Análise Comportamental e Comunicação Interpessoal.

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