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Jeitinho Brasileiro: O Brasil que não tem jeito

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Brasil, o país do futebol, do carnaval e da malandragem. Você talvez já tenha ouvido falar sobre a necessidade de “ser malandro” para sobreviver ao cotidiano no Brasil. Em países como os Estados Unidos, ao adquirir um produto usado ou após deixar seu veículo para manutenção, o cidadão americano apenas se preocupa em utilizá-lo normalmente. Já no Brasil, quando vamos comprar um aparelho eletrônico usado, precisamos verificar todas as suas funções para saber se estão funcionando. Ao levar o carro ao mecânico, devemos pedir que as peças antigas sejam colocadas na caixa das novas, para termos certeza de que a troca foi realmente feita. E essas são apenas algumas das várias estratégias diárias que o povo brasileiro precisa aplicar em seu cotidiano.

De fato, “o Brasil não é um país para amadores” — isso já sabemos. Afinal, como a malandragem pode afetar toda a nossa sociedade, para além dessas pequenas atitudes cotidianas? A resposta é clara: Com a corrupção. Não apenas a que ocorre nos poderes – Legislativo, Executivo e Judiciário – e, sim generalizada que atinge o povo brasileiro. Essa que chegou ao ponto de normalizar  o errado  e estranhar o certo. Esse fato só é possível pela banalização da malandragem, fenômeno que transformou o povo cego das pequenas desonestidades cotidianas. Ao se recusar a pensar e agir criticamente diante das pequenas corrupções, o brasileiro progressivamente abriu mão de sua moralidade, trocando sua ética diária pelo conformismo e comodismo com a desonestidade.

Nesse cenário, as pessoas já não se espantam quando o noticiário mostra furtos ou grandes desvios de verbas públicas. Porém se incomodam profundamente quando são solicitadas a respeitar a fila, ceder o assento a um idoso ou gestante e, até mesmo evitar o consumo de produtos dentro das lojas. Ainda assim, o povo brasileiro sonha, de forma utópica, com o dia em que toda a sujeira do país será varrida, a corrupção em Brasília acabará e a dignidade do povo será restaurada. Contudo,  como podemos esperar honestidade de nossos gestores, se o próprio povo não age com ética e integridade? 

A perigosa tendência de afastar de si a culpa pelos problemas do país para então projetá-las apenas para cima, responsabilizando o alto escalão de políticos e magistrados talvez seja uma boa estratégia de curto prazo para aliviar a constante angústia de se viver em um país como o Brasil. Todavia, tal ato apenas nos afasta cada vez mais de construir de fato uma nação a qual poderemos sentir orgulho de pertencer. Não é incomum de ouvir fervorosas críticas apontando culpados para as calamidades que assolam o país, entretanto é muito raro encontrar reflexões e internalizações de pessoas revendo seus pequenos atos diários, visando a auto responsabilização, a construção de atitudes mais éticas e o progresso como seres humanos melhores.

Por fim, se faz necessário relembrar que os políticos e autoridades do nosso país, antes de mais nada, são brasileiros — e representam, em última instância, o reflexo da sociedade que os elegeu. Em outras palavras,o mais estranho seria se nossos políticos fossem, de fato, honestos e éticos, diante de tanta desonestidade a que estão inseridos desde o dia em que nasceram.

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Eduardo Rocha

Eduardo Rocha é coordenador das diretorias de Eventos, Comunicação e Projetos. Natural de Bagé-RS, destacou-se profissionalmente como DJ em festas e eventos no interior do estado. Mudou-se para a capital com o objetivo de cursar Psicologia e aprofundar seus conhecimentos em Análise Comportamental e Comunicação Interpessoal.

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