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 Precisamos relembrar a Tragédia no RS

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Com o fim das chuvas no Rio Grande do Sul, as águas finalmente cederam e retornaram aos níveis normais. Entretanto, inúmeros cenários de destruição ainda podem ser vistos em diversos locais das cidades gaúchas. Apesar das intensas publicações e atos de apoio ao RS terem diminuído, me pergunto se a tristeza das famílias as quais tiveram seus pertences e parte de suas vidas levadas pela água também diminui. 

Ainda há muito a ser feito, e a esperança talvez seja uma palavra que permanecerá desconhecida ou desacreditada por muitos dos afetados. Grande parte disso pode ser atribuída à ineficaz atuação do Estado diante do desastre. As tristes e chocantes imagens que circularam pelas redes sociais mostraram diversos horrores, entre eles, as vítimas afetadas pelas águas, clamando por socorro e por um resgate que parecia nunca chegar. O despreparo e a morosidade na mobilização estatal destacam uma grande incongruência em nossa sociedade: como pode um Estado que arrecada trilhões em impostos não conseguir proteger sua própria população?

Em meio ao caos que se instaurou no Rio Grande do Sul, bravas frentes de apoio, formadas por cidadãos caridosos da sociedade civil gaúcha, uniram esforços para auxiliar nos resgates, ainda que essa fosse uma tarefa incumbida ao poder público. Por essa razão, afirmo que, apesar do papel importante dos profissionais que compõem as autoridades, os verdadeiros heróis foram todas as pessoas que, mesmo sem nenhum preparo ou treinamento, se esforçaram de formas inimagináveis para salvar vidas.

Considero que, se a situação não fosse tão trágica, talvez eu pudesse descrever como “belo” todo o esforço conjunto realizado pelos civis, que lutaram tão bravamente para realizar aquilo que seu governo falhou, mais uma vez, em fazer. Já é sabido que os esforços do Estado para proteger sua população do crime organizado, da fome e de doenças são ineficazes, mas agora temos mais uma evidência incontestável que o mesmo se aplica a desastres naturais. Nesse cenário, a sociedade como um todo pôde acompanhar o esforço incansável de empresários, influenciadores e demais cidadãos, que se dedicaram a ajudar as vítimas de todas as formas possíveis;enquanto, em contrapartida, as principais figuras do poder como o governador do estado e o presidente da república permaneciam em segurança, gravando propagandas de seus mandatos e atualizando seus perfis nas redes sociais.

A situação se agrava ainda mais com a liberação de um montante de aproximadamente 500 milhões de reais para auxílio às vítimas da catástrofe no estado. Em contrapartida, no início do ano, foi aprovado um orçamento de 4,9 bilhões de reais destinados ao fundo eleitoral de 2024 para a realização das campanhas municipais. Essa grande piada de mau gosto é a realidade do brasileiro pagador de impostos, que mais uma vez assiste à péssima utilização de seus recursos; enquanto a iniciativa privada se desdobra para cobrir a ineficiência e o fracasso do Estado.

Quando as águas finalmente baixaram, as famílias afetadas foram forçadas a ver tudo aquilo que construíram ao longo de anos de suas vidas completamente destruído. Entretanto, as fortes imagens de desamparo e sofrimento não foram suficientes para sensibilizar os governos, que juraram proteger os interesses do povo. Reflito aqui sobre a razão de pagarmos tantos impostos se, no momento em que a população mais precisa de retorno, é forçada a ver seus governantes esbanjando supersalários e realizando eleições com um fundo eleitoral absurdamente desproporcional e desnecessário. Por fim, rezo pela recuperação das famílias e espero que, aos poucos, possam reunir forças para reconstruir suas vidas por conta própria, pois temo que, se optarem por esperar algo do governo, terão o mesmo destino de muitas das pessoas que ficaram presas no teto de suas casas: morrer esperando uma ajuda que nunca veio.

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Eduardo Rocha

Eduardo Rocha é coordenador das diretorias de Eventos, Comunicação e Projetos. Natural de Bagé-RS, destacou-se profissionalmente como DJ em festas e eventos no interior do estado. Mudou-se para a capital com o objetivo de cursar Psicologia e aprofundar seus conhecimentos em Análise Comportamental e Comunicação Interpessoal.

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