
Quando Adam Smith publicou “A Riqueza das Nações” em 1776, permitiu-se a possibilidade de um novo entendimento sobre como é de fato criada a riqueza de uma nação, ampliando-se os entendimentos sobre a economia e inaugurando a Economia Política.
Observando o contexto em que foi escrito, era de se esperar que houvesse uma defesa das metrópoles européias e de seu sistema colonial. No entanto, Adam Smith, sendo um visionário de seu tempo, defendeu o oposto: A ideia de que a riqueza de uma nação é definida pela divisão e sofisticação do trabalho e pelo seu comércio, e não pela extração de metais preciosos e commodities obtidos de uma colônia, como era o pensamento tradicional da época.
No entanto, com a descolonização do continente americano, as potências europeias se viram na necessidade de partirem para o imperialismo na África, Ásia e Oceania durante o século XIX. Este imperialismo fez com que vários povos fossem subjugados e violentados ao redor do globo, em nome de um projeto imperial europeu. Criando-se a ideia de que o capitalismo seria, obrigatoriamente, imperialista e baseado no saque e na violência.
Em solo europeu, a rivalidade entre os impérios se intensificou, o que fomentou o nacionalismo beligerante e o coletivismo estatal em prol de monarquias nacionais ou de ideologias políticas nefastas. E o resultado: Primeira e Segunda Guerra Mundial.
Em meio ao cenário catastrófico do pós-guerra, Reino Unido, França, Bélgica e Itália dão às suas colônias do continente africano a independência diante do cenário de ruínas. Enquanto, Portugal e Espanha, mesmo não participando diretamente da Segunda Guerra Mundial, seguem o mesmo caminho.
Seguindo a narrativa de que o capitalismo é por consequência imperialista, era de se esperar que estes países ficassem mais pobres devido à perda de suas colônias. E o que aconteceu? O oposto.
Com a decadência do imperialismo, os países ocidentais tiveram o aumento da riqueza e do PIB per capita, fomentaram a criação de Blocos Econômicos (Em especial a Comunidade dos Estados Europeus, a CEE, um dos embriões da União Europeia) e investiram na reconstrução com o Plano Marshall elaborado pelos Estados Unidos.
Na Ásia, países como Coréia do Sul, Taiwan e Malásia passaram a se desenvolver economicamente quando foram libertados do imperialismo japonês. Ao se abrirem ao comércio internacional e à sofisticação da cadeia produtiva, esses países deixam de ser ex-colônias subdesenvolvidas para se tornarem protagonistas no cenário global. Até mesmo os países socialistas como China e Vietnã, que foram alvo dos imperialismos europeu e japonês, tiveram uma geração de riqueza nunca antes vista ao se permitirem ao capital estrangeiro e ao desenvolvimento.
E por que o imperialismo não gera riqueza? A essência do imperialismo é a sua expansão e domínio. Porém, uma colônia além-mar requer manutenção, defesa e controle dos povos locais. A curto prazo, o imperialismo pode até beneficiar um império com a riqueza obtida por meio do saque e da violência. No entanto, a longo prazo, o imperialismo não se sustenta devido a sua irracionalidade por meio da conquista beligerante, diferentemente do capitalismo, que requer uma racionalidade para que a riqueza seja gerada.
E qual seria esta racionalidade? O capitalismo é um sistema econômico que não é baseado nos saques e na subtração de um recurso para que possa ser dado ao outro por meio da coerção e violência. A verdadeira essência do sistema capitalista está baseada no comércio internacional, na produtividade da indústria e da agricultura e pelas negociações feitas nos edifícios comerciais e nas bolsas de valores. A essência do capitalismo é a livre interação entre pessoas e mercadorias, o que possibilita o lucro e o desenvolvimento.
Portanto, foi apenas com o capitalismo que os impérios puderam se libertar de suas aventuras além-mar e possibilitou com que suas ex-colônias também pudessem se desenvolver de modo racional e livre. Por fim, aqueles que se utilizam de narrativas para justificar que capitalismo e imperialismo são compatíveis, acabam por distorcer os fatos e fomentam o negacionismo histórico em prol de ideologias.

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