
As universidades são espaços destinados à construção da ciência e da sabedoria humana, onde surgem pesquisas que têm como principal objetivo o desenvolvimento de novos métodos para a resolução de problemas e questões contemporâneas nos mais variados campos, que vão desde a medicina, astronomia, engenharia às ciências humanas.
Entretanto, um fato ainda permanece inalterado: as universidades ainda continuam “fechadas” para a maioria da sociedade, mesmo com as políticas de permanência e o sistema de cotas tenham sido adotadas a fim de ampliar o acesso ao ensino, a realidade acadêmica ainda permanece distante do mundo. E atualmente, as universidades se veem presas em um dilema no qual elas mesmas criaram: A descrença nas pesquisas científicas e de seus pesquisadores. Mas, como se chegou a este ponto?
O primeiro fator é a dificuldade de acesso, pois, para que se possa ingressar em uma universidade, principalmente em uma pública, o estudante é submetido a uma série de provas e exames conhecidos como vestibular. No entanto, a ironia é de que, boa parte daqueles que são aprovados, tiveram um diferencial: O acesso à uma educação de qualidade que é paga, visto que o Estado brasileiro é ineficaz ao promover o acesso à educação básica de qualidade, sendo que a própria Constituição de 1988 estabelece que a educação é um direito do cidadão.
O segundo fator é que, as universidades, em especial os cursos de humanas, na maioria das vezes, tornaram-se espaços propagadores de ideias coletivistas e enviesadas para a esquerda, sendo reforçadas tanto pelos docentes (professores) como pelos discentes (alunos). Porém, mesmo com a “visão crítica”, muitos não sabem como fornecer soluções concretas frente aos atuais problemas da sociedade e como aplicá-los. Uma consequência da Escola de Frankfurt.
E o que seria esta Escola de Frankfurt? Iniciada no século XX, no Instituto de Pesquisa Social da Universidade de Frankfurt, pensadores alemães marxistas e psicanalistas se propuseram a uma série de releituras de Karl Marx a partir de uma perspectiva “crítica”. No entanto, apesar da palavra “crítica”, o real objetivo dos pesquisadores não era apenas uma reflexão da sociedade, mas uma possível remodelação aos moldes marxistas. Mesmo que esta Escola tenha surgido na Alemanha, foi apenas nos Estados Unidos, após a Segunda Guerra Mundial, que estas releituras ganharam força, e acabaram sendo propagadas por intelectuais de esquerda aos demais países ocidentais.
Além disso, o filósofo, escritor e um dos fundadores do Partido Comunista Italiano (PCI), Antonio Gramsci, elabora a ideia de que, para que uma sociedade pudesse alcançar o Comunismo, uma revolução armada não seria o suficiente para que toda a sociedade o aceitasse, mas seria necessário também uma remodelação cultural por meio do uso da mídia e da educação, principalmente das universidades e de seus acadêmicos.
E por consequência desta remodelação cultural, os currículos dos cursos de humanas como Filosofia, Sociologia, Letras, História e Geografia acabaram se tornando enviesados para a esquerda. Cursos, que deveriam explorar o conhecimento em sua pluralidade, acabaram se limitando a um excesso de leituras marxistas ou identitárias que, na maioria das vezes, endossam o ego daqueles que já estão dentro da bolha acadêmica e com a ideologia de esquerda já consolidada. Ao final, visões liberais, libertárias ou até mesmo conservadoras são consideradas uma afronta ao paradigma estabelecido, e a pluralidade de ideias implodida.
Observa-se então que as universidades se afastaram de seu verdadeiro propósito: a elaboração de uma ciência racional. A corrupção moral e o corporativismo intelectual prevaleceram, enquanto o diferente é repudiado e censurado. No entanto, com a popularização da internet a partir dos anos 90 e 2000, a informação passou a ser descentralizada para grande parte da população. Com apenas um click, tornou-se possível ter acesso a uma infinidade de artigos científicos, questioná-los sobre seus métodos e quais são os seus reais objetivos. Nunca antes na história a ciência foi tão contestada por tantas pessoas comuns.
Por fim, a realidade nos mostra que a ciência das universidades entrou em crise quando seus acadêmicos se corromperam ao se utilizarem da própria ciência para a reafirmação de dogmas ideológicos ao invés da busca do conhecimento e da resolução de problemas sociais. Porém, a ciência não é feita pela reafirmação de dogmas, mas sim pela observação, contestação e análise das ideias que são expostas. Mais do que nunca, precisamos trazer as universidades de volta à realidade.

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