
para um declínio das taxas de natalidade que está em curso á várias décadas, primeiro em países desenvolvidos que começaram a observar essas quedas na taxa de natalidade, em média, entre o final do século XIX e início do século XX, seguidos de países emergentes, como o Brasil, por volta da década de 1960 e, por fim, países subdesenvolvidos, sobretudo na África Subsaariana, por volta do final da década de 1990 e começo dos anos 2000, que apesar de ainda deterem taxas de nascimentos por mulher ainda elevados, já observam a sua redução. O Níger por exemplo, com uma das maiores taxas de fertilidade do mundo, possuía em média 7,83 filhos por mulher em 2000, em 2023 apresentou 6,06 filhos por mulher, segundo dados do Banco Mundial.
As implicações do envelhecimento populacional tem potencial de afetar praticamente todos os setores da economia moderna, uma vez que haverá menos pessoas ativas na economia pagando impostos e tendo uma população maior que receberá benefícios governamentais, principalmente a aposentadoria pública via INSS no caso do Brasil, sem contribuir para a economia, gerando um desequilíbrio fiscal que acabará por afetar todos os setores da economia de forma direta ou indireta, especialmente bens e serviços estatais, já que o estado se sustenta principalmente de impostos que são pagos pela população economicamente ativa.
A razão principal para a redução nas taxas de natalidade não é um consenso absoluto na comunidade acadêmica, mas sim um conjunto de vários fatores que contribuem para este cenário, tais como: urbanização, aumento da escolaridade média da população, acesso a métodos contraceptivos, queda nas taxas de mortalidade infantil, mudanças de valores culturais e sociais, participação da mulher no mercado de trabalho e o custo para se criar um filho.
Antes da revolução industrial era comum haver famílias numerosas, pois uma quantidade maior de filhos significava mais mão de obra barata para se trabalhar no campo, além de ser uma forma de reduzir os efeitos da taxa de mortalidade que era extremamente alta naquela época, no entanto, com a revolução industrial e o surgimento de máquinas agrícolas, essa necessidade deixou de existir, e a relação custo-benefício em se ter vários filhos passou a ser negativa no contexto de êxodo rural e vida nos centros urbanos.
Outro fator crucial para a queda nas taxas de natalidade é o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Se antes da revolução industrial era comum que o trabalho no campo fosse parte da vida pessoal dos indivíduos, pois era um trabalho exercido em família na maioria das vezes, com a revolução industrial e a nova configuração na relação de trabalho essa divisão se tornou definitiva, com as mulheres inicialmente assumindo a responsabilidade pela vida pessoal da família enquanto o homem se encarregava da vida profissional.
Essa nova dinâmica perdurou até a segunda onda do feminismo na década de 1960 que, dentre outras questões, buscava conceder às mulheres os mesmos direitos de trabalho que os homens, e a partir desse ponto, muitas mulheres passaram a escolher a vida profissional ao invés de constituir uma vida pessoal em família, já que a tarefa de se ter um filho exige tempo e recursos, o que acaba por comprometer em muitos casos a vida profissional da mulher.
O estado de bem estar social, também chamado de Welfare State, é um modelo de governo que visa a intervenção estatal para a promoção de condições mínimas de bem-estar para a sua população. Esse modelo é bastante comum no ocidente atualmente, e por conferir uma grande atuação do estado na sociedade, o atual contexto demográfico pode inviabilizar a continuidade desse modelo em razão do crescente déficit fiscal que a crise demográfica está causando.
Conclui-se que a insustentabilidade do modelo de Welfare State é iminente em razão da atual crise demográfica. Mas, felizmente, a liberdade econômica é uma alternativa mais sustentável para se adaptar a essa nova realidade, como por exemplo um modelo previdenciário baseado em capitalização privada, flexibilização das leis trabalhistas, incentivos fiscais a investimentos de longo prazo e maior autonomia para estados e municípios adotarem políticas próprias em saúde, educação e previdência.
Sobre o sistema previdenciário, existem dois principais modelos: Repartição e Capitalização. O modelo de repartição, adotado pelo Brasil, consiste na contribuição dos trabalhadores na ativa para a aposentadoria de quem já se aposentou, enquanto a aposentadoria baseada em capitalização consiste no financiamento individual do trabalhador, ou seja, ele mesmo financia a sua própria aposentadoria ao invés de terceiros. Há também modelos mistos, como os da Austrália e Suécia, que combinam elementos de ambos, garantindo assim a sustentabilidade de longo prazo de seus respectivos modelos previdenciários ao mesmo tempo que garante uma renda mínima para aposentados de baixa renda.
Outro ponto central para se adaptar à nova realidade demográfica é uma reforma trabalhista que vise flexibilizar as relações entre empregado e empregador, através, por exemplo, do incentivo ao home office, contratações intermitentes, jornada de trabalho flexível, remuneração baseada em horas trabalhadas e etc. Esse alternativa pode ser vista na prática no Brasil, onde entregadores de delivery, motoristas de aplicativo e profissionais autônomos exercem suas atividades sem obrigações de cumprimento de horas de trabalho e sem vínculo empregatício, o que acaba beneficiando tanto a pessoas física ou jurídica que poderá adquirir um bem e/ou serviço por um preço mais acessível em comparação a contratar um trabalhador CLT quanto o próprio prestador de serviço, que poderá equilibrar melhor sua vida pessoal e profissional.
Não é coincidência que as duas propostas anteriores para a adaptação ao atual contexto demográfico sigam o caminho da liberdade individual. A liberdade tem se mostrado a melhor opção em praticamente todas as áreas da nossa sociedade, desde a economia até a filosofia. Essa superioridade em relação a outros modelos de organização social, como o próprio Welfare State, tem sido observada na prática em vários países e até mesmo em alguns casos no Brasil, e ela se faz cada vez mais urgente e necessária em um mundo com novos desafios e tendências que desafiam os modelos mais estatistas e intervencionistas da atualidade.

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