
O coletivismo é a ideia de que um grupo, organização, religião ou nação, deve prevalecer sobre o indivíduo e de seus ideais, sendo fortemente coercitivo e diminuindo a liberdade individual em prol de uma servidão cega fomentada por ideologias.
No entanto, por mais que os coletivismos sejam mais fortemente associados à esquerda através de seus sindicatos, organizações e movimentos sociais, a direita também tem os seus. Carregados de fanatismo religioso, idolatria política e o fomento a nacionalismos e protecionismos econômicos, os coletivismos da direita acabam sendo tão prejudiciais quanto os coletivismos de esquerda. A longo prazo, todas estas ações levam à censura, perseguição e ao empobrecimento de uma nação. Ninguém se beneficia.
Historicamente, ondas coletivistas tendem a se formar com maior facilidade em períodos de maior instabilidade social e econômica. Com isso, determinados políticos, através da oratória e da criação de narrativas, fazem com que a sociedade passe a considerar que certos indivíduos ou grupos sociais seriam mais culpados do que outros pelos problemas da sociedade. Assim, o inconsciente coletivo é modelado e “bodes expiatórios” são criados, tal qual como foi a perseguição aos judeus antes e durante a Segunda Guerra Mundial em prol do anti-semitismo propagado pelos nazistas.
Na atualidade, com o retorno de Donald Trump ao governo dos Estados Unidos, as pessoas trans acabaram sendo o principal alvo de retaliações e proibições do governo em prol de agendas ideológicas. Se antes, no governo Biden, o objetivo era fomentar os coletivismos progressistas de esquerda ligados ao partido Democrata, agora, o objetivo é o inverso: O agrado aos coletivismos trumpistas em nome de um combate à ideologia de gênero.
Em pouco tempo, militares trans foram proibidos de servirem às forças armadas, o governo delimitou apenas dois gêneros na identidade e um movimento contra as campanhas de diversidade foram elaboradas a nível federal. Este ataque do governo federal americano constitui uma grave violação à liberdade de expressão e à individualidade de pessoas trans, que já são fortemente marginalizadas pela sociedade e que teriam muito a contribuir para a sociedade se não fossem atacadas pelo próprio Estado que, agindo contra a moral e a racionalidade, acaba fomentando o preconceito, a discriminação e a segregação.
É fato que as esquerdas saquearam as pautas LGBTQ+ em prol de suas agendas ideológicas. No entanto, não podemos deixar que movimentos reacionários, de modo perverso e pelo uso do próprio Estado, suprimam outros indivíduos. O problema não é, e nunca foi, de pessoas trans pelo que elas são. O problema é do próprio coletivismo da direita que, em nome da ideologia política e da tradição, faz o possível para que certos indivíduos sejam forçados a se readequarem. A identidade de gênero de um indivíduo é algo privado, assim como a orientação sexual ou a religião, logo, não cabe a nós estabelecermos juízo de valor para criticarmos a individualidade alheia.
Além disso, um outro lado maleficio do coletivismo de direita é justamente o fomento ao coletivismo de esquerda. Um governo de direita que desmerece indivíduos pelo fato de serem quem eles são acaba por fomentar as ideologias de esquerda a longo prazo. Em um cenário em que pessoas trans são privadas de seus direitos individuais e de sua individualidade, o que resta a elas é o ódio à direita e uma aproximação ainda maior com as esquerdas progressistas e revolucionárias, aumentando a polarização política e a divisão social.
Ao final, em busca de culpados, todos perdem a liberdade quando o próprio Estado é usado para fins perversos. O autoritarismo estatal é perigoso, e tende a crescer caso o crescimento do próprio Estado não seja barrado. Não podemos deixar que, em nome de ideologias, determinados grupos e indivíduos tenham de ser sacrificados para que outros possam ser privilegiados, sendo que, ao final, este mesmo aparato estatal pode ser utilizado contra estes mesmos grupos coletivistas.
Por fim, indivíduos, independente de suas características como gênero, cor de pele, nacionalidade, sexualidade ou condição física, merecem ser valorizados pelo que através de seus méritos e qualidades. Uma sociedade verdadeiramente livre valoriza o indivíduo pelo que ele é, e não pelo que ele deveria ser conforme aquilo que é ditado por um grupo seleto. Está na hora de pararmos com a criação de “bodes expiatórios”, resolvermos os problemas sociais e deixarmos as pessoas trans em paz.

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